5 Autoras de Clássicos da Literatura Brasileira para você Ler
A maioria dos clássicos da literatura brasileira é de autoria masculina, mas foram as escritoras, que romperam barreiras e expuseram em suas obras os temas cotidianos e, também, os temas ligados às desigualdades sociais.
Em homenagem ao Dia Internacional da Mulher, celebrado em 8 de março, uma mostra de importantes escritoras brasileiras e suas obras consideradas, por especialistas, clássicos da nossa literatura.
O Quinze, de Rachel de Queiroz (1910-2003)

O aclamado romance “O Quinze” foi o primeiro livro da autora e escrito quando ela tinha apenas 20 anos de idade. A obra foi lançada em 1930 e narra o drama causado pela grande seca de 1915, que assolou o nordeste brasileiro.
A narrativa se baseia nas histórias de Chico Bento e sua família, a relação afetiva de Vicente, um rude proprietário, criador de gado e sua prima Conceição, uma professora que gostava de ler muitos livros, inclusive de tendências femininas e socialistas.
“O Quinze” expressa uma temática ainda atual: o duelo entre o homem e a terra.
Em 2004, a obra foi adaptada ao cinema, com direção de Jurandir de Oliveira e foi ganhadora de vários prêmios, como o do Festival de Gramado, por melhor edição e o Prêmio da APCNN (Associação dos Produtores e Cineastas do Norte e Nordeste) de melhor longa-metragem.
Quarto de Despejo – Diário de uma Favelada, de Carolina Maria de Jesus (1914-1977)
A obra, lançada em 1960, reproduz o diário de Carolina de Jesus, em que narra o seu cotidiano nas favelas da cidade de São Paulo entre os anos de 1955 a 1960.
São relatos de dor, sofrimento, fome e de muitas angústias e mudanças pelas quais passavam as comunidades daquele momento.
A linguagem objetiva e marcada pela oralidade é um dos traços da autora que retrata a realidade, uma vez que faz parte do seu dia a dia e nela está inserida.
O texto da autora é considerado um dos marcos da escrita feminina no Brasil. O livro já foi traduzido para mais de treze idiomas desde o lançamento.
Um episódio da série “Caso Verdade” (1983), da Rede Globo, foi inspirado no livro, que também serviu de inspiração para algumas montagens teatrais.
A Hora da Estrela, de Clarice Lispector (1920-1977)

Último romance de Clarice Lispector que apresenta a história da nordestina Macabéa, uma mulher miserável, que mal tem consciência de existir.
Após perder a tia, ela viaja para o Rio de Janeiro, onde aluga um quarto, se emprega como datilógrafa e passa suas horas de folga ouvindo a Rádio Relógio. Macabéa apaixona-se por um metalúrgico nordestino, Olímpio de Jesus, que logo a trai com uma colega de trabalho.
Desesperada e confusa, a nordestina consulta uma cartomante, que lhe prevê um futuro brilhante, bem diferente do que a espera. Nesse romance, a autora cria até um falso autor, o narrador Rodrigo S.M., mas nem assim consegue se esconder.
Entre a realidade e o delírio, Clarice Lispector escreve um livro singular e aclamado pela crítica.
O livro foi adaptado ao cinema, em 1985, com direção de Suzana Amaral, que ganhou alguns prêmios, entre eles, o Urso de Prata do Festival de Berlim, na Alemanha, e o Festival de Havana, em Cuba.
Antes do Baile Verde, de Lygia Fagundes Telles (1923-)

Publicado em 1970, apresenta dezoito contos, escritos entre 1949 e 1969. O livro trata de temas como adultério, insatisfação conjugal, a loucura, a desmistificação dos papéis familiares, com personagens da vida urbana de classe média em meio a dramas e conflitos.
A autora demonstra ousadia para trabalhar muitas questões delicadas do ser humano através de personagens cínicos, amargos, complexos e até mesmo cruéis.
Em um dos contos, que dá nome ao título do livro, há a história de Tatisa, uma jovem que está se arrumando para um baile de carnaval, ao mesmo tempo em que a sua empregada também se arruma para sair naquele dia.
O conflito nessa história é quem ficará com o pai de Tatisa, que está doente e necessita de cuidados. Um grande conflito se instaura entre as duas personagens e causará uma grande discussão.
O pai de Tatisa sofre de uma doença incurável, em fase terminal, e Lú, a empregada, afirma que ele irá morrer a qualquer momento. A jovem é bastante egoísta e fica em dúvida se permanece em casa para cuidar do pai ou vai ao Baile Verde.
Não espere um final previsível nesse conto, pois a autora tem uma coragem singular para trabalhar as personagens e expor os mais inquietantes sentimentos.
Em 1993, um dos contos deste livro “O Moço do Saxofone” foi adaptado para a televisão, pela Rede Globo, na série “Retrato de Mulher”.
Boca do Inferno, de Ana Miranda (1951-)
O romance, de narrativa ágil, lançado em 1989, narra a Bahia do século XVII. Um grupo de conspiradores assassina o alcaide-mor da cidade, desencadeando uma série de perseguições que revelarão a arbitrariedade, a corrupção e a tirania que assolava a Colônia.
Entre uma mistura de ficção e História, a autora traça um painel do Barroco brasileiro e conduz o leitor pelos enredos da política, da religiosidade e do verbo afiado de Gregório de Matos (advogado e um dos mais importantes poetas do barroco brasileiro) e de Padre Antônio Vieira (missionário, teólogo, diplomata e orador).
Esse livro de estreia da escritora ganhou o Prêmio Jabuti de revelação em 1990.

Sandra Coimbra
AutoraÉ graduada em Língua Portuguesa e Literatura e pós-graduada em Língua Portuguesa e Linguística. Apaixonada por livros e pela literatura infanto-juvenil.
Fontes de pesquisa:
www.mundotek.com
www.revistaglomour.globo.com
www.wikipedia.com.br
www.companhiadasletras.com.br


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